07/08/2003

alguma coisa suspensa
no ar

alguma verdade doce
na ponta dos meus dedos

parado
a porta vai. a janela vai.
ouço os passos
está sol.

impossível,
mas está sol.


06/08/2003

terremotos
sob meus pés

alguma coisa está fora
do lugar

devem ser meus dedos
meu estômago. meus ossos.

cristo retira lentamente
os pregos e a coroa;
a poeira e o fogo
sobem
ela levanta o pé
a serpente avança
madalena dança
sobre a mesa de pão

você grita. eu deixo
minhas seguranças estilhaçarem
enquanto
carros e ambulâncias e sorvetes

o inferno, amor
está vivo.

04/08/2003

hora de guardar
o sorvete
no congelador

quem sabe essa palavra
não se divide e funciona
de uma vez

03/08/2003

segura um instante.

parece uma queda
eu não sinto minhas pernas
meus olhos estão dormentes

mais uma dose
um veneno um pouco mais
inferno sob essas águas

incoerência
os ventos cruzam
a linha de chegada
os heróis, querido
ficaram no caminho

segura a barra
porque isso vai
pesar