10/08/2005

eu sempre atravesso esses túneis.

ela carrega uma lanterna. o óleo queima devagar.

rasteja seus cabelos pelos meus ombros. revira meus olhos. você derrete minha paciência.

[ rastros de pólvora: eu sei que havia alguma coisa apenas porque estive lá. do outro lado. mas compreendo sua crença. ]

.cigarros no posto de gasolina.

- isso é perigoso - ele diz ou vai dizer, não sei. mas eu dou de ombros.

sabe, ainda sinto o gosto. ainda. já escovei os dentes tantas vezes. já repeti os rituais.

Há uma espécie de deus vagando pelas redondezas. (per)sigo de longe.

Retorno, meio obscurecido, para um apartamento pesado. Sobre a pia: um pacote de carne. Ele não vai me vencer. É carne, que sejam meus ossos; é dor, que sejam minhas ilusões. Eu arranjo massa e (re)modelo o homem.

Há uma espécie de deus.
menino volta para rua de paralelepípedos, sem respirar. correndo embaixo d'água. o sonho derrete entre os dedos - você jurou que seria paciente, larga essa pedra, eu não tenho tanta culpa assim.

Na esquina, na luz sépia, na terça parte de um filme insuportável: ele me entrega os ossos e diz que são meus. Possível.
Vejo nós onde possuo dedos.
Ela engole o óleo a luz os nós e toda essa porra.


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