04/10/2005

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: no elevador : grade pantográfica. mas eu não prestei atenção.

: no porão, algemado: ele não vê que o escuro deforma o meu rosto; ele não entende que eu removi as tatuagens e que essa é a minha pele.

: no elevador: acendo um cigarro. está quieto demais e não ouço sinais de resgate. não ouso pedir ajuda. meus dentes trincados.

: confesso: toma, não posso mais carregar isso. ficou pesado demais. a coroa, a cruz, a espada e as pedras.

[ retiro minhas peças. sei o tempo mesmo cego sei como traçar meu reflexo e esse tampo está opaco. bispos e torres e cavalos e o próximo golpe. ]

: no porão, sangrando: cada traço é sobre uma dor. cada milímetro de gelo sobre o chão. meu corpo entre os cobertores jogados por todos os meninos católicos. - cíclico, ele pensa em tédio: entrego a pele na saída.

: no elevador, uma última voz avisa que é o fim do oxigênio. (mentira esporrada às 3 da manhã, debaixo dos cobertores). faço um recorte fraco, confuso e caótico de mim; faço uma pilha de fósforos; faço um menino que dança. apenas um recorte com a luz estourada.


preso no meio do caminho. derrubado na corrida.
até onde eu sei: "losangos deformáveis" . esse aqui sou eu. ou você não vai entender.

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