28/12/2005

¶ Divisão

: parte 2 : retorno: ele não é mais meu.

:: porcos. e eu precisando de uma salvação. porcos devorando aos poucos o que resta. ainda numa estátua vazia : desfazendo meus músculos : pensa, agora! porra... em como eu vou bombear tanto sangue...

:: porcos e eu não entro no navio. ele disse que as mãos não levantam - os pés não descolam de tanto cimento - minha voz não se propaga no vácuo - pílulas por um dia melhor ::

, e mais horas penduradas. cigarros. destroços. vou olhar a criança no berço: quase não respira.
ele não vai voltar. a cidade é o fim.
tranco a porta, mas é questão de tempo até que os monstros...
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das cinzas:

Retorcendo o lençol na varanda. Não foram dias de muito vento.
Pés no chão; pés molhados na terra e a minha produção de lama.
Durante a madrugada eu construí um castelo; moldei um príncipe e desenhei a rota de fuga.
Cigarros. Espera vazia. Tive febre.

corro; meço a distância: pulo.
um gato a mais na linha; um choque no fio de alta tensão; um tênis.

sabe quando a realidade sofre uma fissura?

...sou um menino na beira de um abismo, costurando fragmentos; costuro o tempo todo. Meus dedos sangram, mas não posso deixar o tecido se desfazer; tudo morre ao meu redor e eu costuro; os pedaços de pano voam, se desintegram e já nem sei mais o que estou costurando........e ainda assim não posso parar.

se eu parar, eles me levam, me comem e trituram meus ossos.

ontem, durante a madrugada, eu moldei a fuga; e todo esse tecido rasgou; meus dedos ainda sangram; mais um cigarro.

achei um pedaço de doce.